quinta-feira, 14 de julho de 2011

Não-violência, a Justiça pelo exemplo do Amor

Um pouco sobre não-violência e a transformação da relação entre as pessoas:

"Vendo a graça em ação em prol de opressores que não a merecem, o mundo faz silêncio. Nelson Mandela ensinou ao mundo uma lição sobre a graça quando depois de 27 anos de prisão e depois de ser eleito presidente da África do Sul, ele pediu que seu carcereiro se juntasse a ele na cerimônia de posse e recrutou policiais africaneses como seus guarda-costas. Em seguida ele nomeou o arcebispo Desmond Tutu para chefiar a Comissão de Verdade e Reconciliação, uma forma criativa de mostrar a repulsiva verdade da opressão sem exigir vingança.

De acordo com as regras da Comissão, se um opressor enfrentasse seus acusadores e confessasse plenamente seu crime, ele não poderia ser processado por esse crime. Alguns sul-africanos protestaram contra a injustiça de deixar criminosos em liberdade, mas Mandela insistiu em que o país precisava mais de cura do que de justiça. Eu já contei a história de uma dessas audiências perante a Comissão de Verdade e Reconciliação:

'Um policial chamado Van de Broek relatou um incidente em que ele e outros oficiais atiraram contra um rapaz de 18 anos e queimaram seu corpo, virando-o sobre o fogo como um pedaço de churrasco para destruir as provas. Oito anos mais tarde, Van de Broek voltou à mesma casa e pegou o pai do rapaz. A esposa foi obrigada a olhar os policiais amarrarem o marido a um monte de lenha, derramar gasolina sobre seu corpo e atear-lhe fogo.

O tribunal ficou em silêncio quando a senhora idosa que perdera primeiro o filho e depois o marido, teve a oportunidade de responder. “O que a senhora deseja do Sr. Van de Broek?”, perguntou-lhe o juiz. Ela disse que queria que Van de Broek fosse ao local onde queimaram o corpo de seu marido e recolhesse as cinzas, para que ela pudesse lhe dar uma sepultura decente. Cabisbaixo, o policial fez um gesto concordando.

Depois ela acrescentou mais um pedido: “O Sr. Van de Broek me tirou toda a família, e eu ainda tenho muito amor para dar. Duas vezes por mês, gostaria que ele viesse ao gueto e passasse um dia comigo, para que eu possa ser uma mãe para ele. E eu gostaria que o Sr. Van de Broek soubesse que foi perdoado por Deus e que eu também o perdôo. Eu gostaria de abraça-lo, para que ele saiba que meu perdão é real”.

Alguns no tribunal se puseram espontaneamente a cantar o hino “Amazing Grace” quando a idosa senhora foi caminhando para o banco das testemunhas, mas Van de Broek não ouviu o canto. Havia desmaiado, esmagado fisicamente pela graça." Retirado do Livro Para que serve Deus de Philip Yancey.

Nenhum comentário: