E levemente abro os olhos...
Vista embaçada, dificuldade em mantê-los abertos...
Olhos inchados, o brilho do sol me ofusca ainda mais.
Sinto o corpo preso, não consigo me mover...
Dificuldade de mexer o pescoço, uma pressão imensa
sobre todos os membros...
Estou enterrado, deixado à própria sorte para morrer
no meio do nada...
Até onde posso ver, até onde posso girar a cabeça, só
vejo areia, terra, pedras, imensidão e nada mais...
Os únicos seres vivos estão voando próximos, cada vez
mais baixo...
Aves cruéis querendo algo para comer.
Não tenho forças para gritar, nem para quem gritar...
Mas, eis que ao longe vejo o que parece ser um
andarilho. Um homem que anda só, pensativo...
Um misto de alegria e tristeza, êxtase e medo tomam
conta de meu ser; alegria por ver alguém, quando achava ser o fim; tristeza,
pois não sabia o que viria a acontecer... Êxtase por me sentir livre, medo de
ficar ali e a morte ser inevitável...
Fiquei ali pensando enquanto o estranho se aproximava;
o que eu faria se encontrasse um homem enterrado até o pescoço no meio do nada?
Que tipo de homem merece um castigo assim? Seria o
estranho perigoso?
Quando volto a mim. o estranho se abaixa e se
aproxima, me olhando serenamente nos olhos...
Com um olhar doce e sereno, gentilmente ele diz:
- Irmão, mantenha a calma, não gaste energias...
E do nada, ele arregaça as mangas e se põe a me desenterrar,
como se eu fosse um tesouro...
Após certo tempo, já com os braços livres, quatro mãos
são mais rápidas que duas e ter guardado a pequena reserva de forças valeu à
pena...
Abracei o estranho, e ele sorriu para mim, retirando
um pequeno reservatório com água e um pedaço de pão...
Não me contive e, após sorver alguns goles de água,
não parei de falar...
O estranho me fitava sereno, sempre me encarando nos
olhos.
E proferia poucas palavras, até que lhe perguntei como
ele me encontrara ali, já que o local não era uma rota normal, ninguém passaria
por ali, mesmo um andarilho...
Foi então que palavras doces e um olhar meigo
mansamente me responderam:
- Meu Pai me guiou até aqui...
Assombrado com tal resposta, eu o interpelei:
- Mas, quem é você? Eis que agora lhe devo a minha
vida... Honrarei e lhe seguirei até o fim dos meus dias...
Novamente, com enorme candura e amor em sua voz, o
estranho responde:
- Eu sou Jesus de Nazaré; eu busco o meu caminho,
busco a minha verdade, e eis que o Pai me guiou até você...
Surpreso, questionei e afirmei:
- Jesus, quem é o teu pai? A ele minha vida será
entregue... Cuidarei do seu filho, até estar junto a ele; serei seu servo fiel
até o fim dos meus dias...
- Eu em breve partirei, meu irmão, e a mim você nada
deve... Ao meu Pai também não...
- Mas, Jesus, como posso fazer para agradecer tudo o que
fez por mim?
- Viva! Viva, meu irmão, a melhor vida que puder
viver, faça para o próximo somente aquilo que gostarias que fizessem para você mesmo
e, se assim viver, iremos nos reencontrar um dia...
O sol se punha no horizonte, a noite ganhava espaço e
a lua cheia iluminava o deserto à minha volta.
Ficamos um bom tempo em silêncio; a brisa fresca se
fazia presente...
Jesus me olhou nos olhos e disse:
- É chegada a hora, irmão; vá, você é um homem
livre... Siga esta estrela, apontando para o céu, ela lhe levará a um local
seguro...
Jesus se vira e se afasta lentamente...
Surpreso, notei que sua cabeça era iluminada, pois fios
dourados iluminavam a cabeça daquele homem...
Olhei para os céus, olhos marejados, e agradeci o
criador de todas aquelas maravilhas...
E pensando no Pai de Jesus, gritei: “Obrigado, Meu
Pai!!!”.
Irmãos
e Mensageiros da Luz
Acampamento Espiritual Amor e Caridade
Poetas da Luz
Mensagem
recebida pelo médium Betho.
Recebida por via psicográfica na 123ª Reunião do
Grupo Interplanos Chico Xavier em 13/06/2011
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